Disciplina - Educação Física

Relato: Esc. de Referência Clementino Coelho

Autora: Terezinha Abel Alves
Instituição: Esc. de Referência Clementino Coelho
Município / Estado: Petrolina-PE
Conteúdo: Capoeira
Série: Ensino Médio

Relato: o presente trabalho aconteceu no segundo semestre de 2006, onde houve a necessidade de trabalhar o tema na escola, por constar nos Parâmetros Nacionais de Educação Física como blocos de conteúdos, além de fazer parte da nossa história que ainda não é bem entendida ou estudada ou compreendida. A literatura reporta que o Brasil a partir do século XVI foi palco de uma das maiores violências contra uma etnia. Aproximadamente, mais de dois milhões de negros foram trazidos da África, pelos colonizadores portugueses, para se tornarem escravos nas lavouras de cana-de-açúcar. Tribos inteiras foram subjugadas e obrigadas a cruzar o oceano como animais em grandes galeotas chamadas de navios negreiros. Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro foram os portos finais da maior parte desse tráfico. Ao contrário do que muitos pensam, os negros não aceitavam pacificamente o cativeiro; a história brasileira está cheia de episódios onde os escravos se rebelaram contra a humilhante situação em que se encontravam. Uma das formas desta resistência foi Quilombo; comunidades organizadas pelos negros fugitivos, em locais de difícil acesso. Geralmente em pontos altos da mata. O maior desses Quilombos estabeleceu-se em Pernambuco no século XVII, numa região conhecida como Palmares. Uma espécie de Estado Africano foi formado.

Distribuindo em pequenas povoações chamadas mucambos e com uma hierarquia onde no ápice encontrava-se o rei Ganga-Zumbi, Palmares pode ter sido o berço das primeiras manifestações da Capoeira. Desenvolvida para ser uma defesa, a Capoeira foi sendo ensinada aos negros ainda cativos, por aqueles que eram capturados e voltavam aos engenhos. Para não levantar suspeitas, os movimentos da luta foram sendo adaptados às cantorias e músicas africanas para que parecessem uma dança. Assim, como no Candomblé, cercada de segredos, a Capoeira ganhou a malícia dos escravos de "ganho" e dos frequentadores da zona portuária. Na Cidade de Salvador, capoeiristas organizados em bandos provocavam arruaças nas festas populares e reforçavam o caráter marginal da luta. Durante décadas a Capoeira foi proibida no Brasil. A liberação da sua prática deu-se apenas na década de 30, quando uma variação da Capoeira (mais para o esporte do que manifestação cultural) foi apresentada ao então presidente, Getúlio Vargas. Hoje apreciada no meio escolar, mas não compreendida na visão pedagógica de sua prática, por simpatizantes, praticantes, professores, coordenadores, pais e comunidade em geral.

Objetivo: resgatar os valores culturais de um povo através da capoeira, onde foi tratada a discriminação racial e, a partir da análise dessa experiência apontar caminhos para uma educação que respeite a diversidade étnica, refletindo sobre o conceito e aceitação ou não da capoeira no ensino médio. Este trabalho tem sua importância na medida em que ao promover discussões sobre a temática com estudantes concomitantemente se propõe a refletir sobre as estratégias didáticas utilizadas, contribuindo assim para a reflexão sobre a prática docente e a formação de professores.

Metodologia: (TURMAS: Realizado em oito turmas de quarenta alunos do primeiro ano, cada, de uma escola pública do Ensino Médio de Petrolina, Centro de ensino Experimental Clementino Coelho, com adolescentes de 14 a 18 anos. DIAGNOSE realizou-se através de observação do comportamento dos alunos no que se refere à aceitação ou neg(r)ação da capoeira. As palestras e rodas de capoeira foram realizadas em oito segundas-feiras, nas aulas de fundamentação teórica e prática de Educação Física.

Aprendizagem:
o trabalho incluiu pesquisas, utilização de livros paradidáticos, produções de textos, criação de clip fotomontagem, demonstrações de movimentos técnicos da capoeira, apresentação dos instrumentos utilizados, análise coletiva de situações do cotidiano onde a discriminação se manifestava, debates e dinâmicas de grupo.

Objeto de aprendizagem:

Processo:
foi realizado um estudo sobre a capoeira por meio de visitas de graduados de capoeira, exibição de filmes, consulta na internet sobre conceito e história da capoeira, preconceito e discriminação.

Resultados: dos trezentos e vinte estudantes participantes do projeto 60% têm uma boa aceitação da prática da capoeira no contexto escolar e, ao serem entrevistados sobre o que fazer para acabar com o preconceito reconheceram que a discriminação é crime, passível de punição. Outros apontaram que o caminho é entendê-la num contexto histórico e orientar as pessoas para que não discriminem. No que se refere ao comportamento, os estudantes passaram a valorizar mais a identidade étnica, a história da África e os africanos no Brasil.

Considerações Finais: com esta experiência foi possível explicitar uma compreensão da capoeira como manifestação cultural, cuja trajetória histórica reflete importantes contradições que marcam a sociedade em geral, mais especificamente a brasileira. Esse trabalho propôs compromisso com a luta pela igualdade, o que significa “conhecer, valorizar, apreciar e desfrutar de algumas das diferentes manifestações da cultura corporal, adotando uma postura despojada de preconceitos ou discriminações por razões sociais, sexuais ou culturais.”

Referências: PCNs
Textos diversos sobre conceito de capoeira, discriminação racial.

Imagens enviadas pela autora Terezinha Abel Alves
Foto doa alunos assisnto uma apresetação de capoeira Foto doa alunos assisnto uma apresetação de capoeira
fotos dos alunos reunidos
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