Disciplina - Educação Física

Dança Indiana

São sete os estilos considerados clássicos atualmente na Índia

Atualmente existem sete estilos de danças consideradas clássicas na Índia. São eles o Bharatanatyam, do Estado de Tamil Nadu, o Mohiniyattam e o Kathakali, ambos do estado de Kerala, o Kuchupudi, de Andhra Pradesh, Odissi, de Orissa, Manipuri do estado de Manipur e Kathak, que engloba o Norte da Índia, principalmente nos estados do Rajastão e Uttar Pradesh. Apesar de pertencer a uma cultura especifica, e portanto, possuir uma “aparência” regional, a dança clássica indiana tem, como essência, a representação dos sentimentos humanos chamados de “Bhava”. Sentimentos não pertencem a nenhuma cultura especifica nem a determinadas épocas, portanto apesar da “aparência” tradicional e absolutamente ligada ao hinduísmo, a dança indiana hoje consegue ser tão atual quanto há seis mil anos atrás. Assim na Índia como no Brasil, há muita controvérsia sobre a antiguidade de cada estilo, sobre a questão da importância de cada um e qual deles pode ser considerado o mais tradicional. Leela Samson, grande expoente do estilo Bharathanatyam, afirma sobre esse assunto que em todos os estilos existem mudanças em diferentes pontos e isto era extremamente benéfico para a dança. Segundo a grande dançarina indiana do estilo Bharathanatyam, Alarmel Valli: “É possível apresentar as infinitas variedades do mundo em um inumerável número de formas. Elas podem ser sempre novas, assim como também infinitas. Não pode haver uma única forma de expressar o que constitui uma dança criativa.”
  • KATHAKALI: que é originário do Estado de Kerala, teve sua origem no século 17 com forte influência da arte marcial KALARIPAYATTU no seu treinamento. Na sua concepção teve também uma forte influência do THEYYAM, que é uma forma de dança folclórica muito antiga e importante, no entanto, foi o KOODIYATTAM a forma de dança que mais contribuiu para o Kathakali. O Kathakali confere muita ênfase às expressões faciais e aos gestos das mãos pois em geral suas apresentações são constituídas de uma estória completa que usualmente pertence ao Ramayana ou ao Mahabharata. Seu aprendizado é um árduo trabalho corporal com grande atenção para o trabalho de olhos. A música é no estilo Sopana dentro da música Carnática e acredita-se que muitas ragas usadas no Kathakali, e que não pertencem à música Carnática, são originárias da antiga música dravídica, que pertence ao período pré-ariano. Seus instrumentos de percussão são a Chenda, o Maddalam e o Edakka que é usado para as personagens femininas. O cantor é o músico que controla a apresentação, pois usa o instrumento Chengalam que dá o ritmo da música. Ele é acompanhado por um segundo cantor que toca o Elathalam como acompanhamento. A vestimenta do Kathakali é pesada pois os costumes são feitos com a intenção de dar uma aparência sobre-humana às personagens, caracterizando longos cabelos, ornamentos exagerados, sendo que o principal ornamento usado pela personagem central é a coroa de três partes representando a trindade Hindu (Brahma, Vishnu e Shiva). A maquiagem é muito elaborada e específica para cada tipo de personagem e, para um leigo, pode até parecer uma máscara, já que todo o rosto é coberto por uma camada colorida. Há cores específicas para cada tipo de personagem.
  • KATHAK: tem sua origem na palavra Katha que quer dizer "contar história". Este estilo de dança nasceu às margens do Rio Ganges e tinha, como prioridade, ser uma dança de rituais Templários. Esses rituais de adoração eram executados por artistas itinerantes e portanto não se vê no Kathak o estabelecimento do sistema devadasi, que é o sistema de dançarinas atachadas aos Templos. Com o advento da invasão muçulmana e o florescimento do período Mughal no séc. 15, houve o florescimento da unidade política, da estabilidade econômica, da justiça social e um grande interesse nas artes indianas. Foram trazidas para a Índia dançarinas persas que se misturaram a essa forma de dança já existente. Essa mistura Hindu/muçulmana deu origem ao que hoje conhecemos como Kathak, forma de dança muito apreciada no norte da índia. Dentro do Kathak são conhecidos vários estilos distintos sendo as principais escolas a Gharana de Lucknow, a Gharana de Benares e a Gharana de Jaipur, todas mantendo um enfoque técnico com um elaborado trabalho de pés e piruetas, além de expressões faciais. Existem dois tipos de vestimentas básicas para o Kathak sendo uma delas de grande influência muçulmana relacionada ao princípio de Deus Único e que tem sua origem no período Mughal. É uma vestimenta simples constituída de um vestido com a saia mais curta deixando os guizos bem à mostra e levando um véu à cabeça.


O segundo tipo é mais ligado à cultura Hindu sendo constituído de uma blusa curta e uma saia comprida que não deixa os guizos à mostra, além de um xale. A característica principal do Kathak é a rapidez de trabalho de pés e as piruetas. Os principais instrumentos de um concerto de Kathak são a Tabla e o Sarangi mas também são usados como acompanhamento o Pakhwaj e o Sitar, além da voz. É interessante ressaltar que no Kathak além do vocal, o próprio dançarino, em muitos momentos, canta os "bols" das batidas dos pés. O estilo de música é o Hindustani.
  • ODISSI: é originário do estado de Orissa, situado na Baía de Bengal, no leste da Índia e, sendo uma das danças mais antigas, a forma como conhecemos hoje é resultado de um longo processo de reconstrução baseada nas várias tradições de dança do estado de Orissa. Com o advento do islamismo teve sua execução proibida durante um longo período. A linhagem das garotas dançarinas ou Maharis remonta ao século 12, quando da construção do Templo para o Senhor Jaganath. A partir do começo do século 17 é que surgiram os Gotipuas que eram os garotos que dançavam vestidos de meninas. A partir do século 15 são incorporados os poemas escritos pelo famoso poeta Jayadeva, extraídos do Gita Govinda. O Odissi é fortemente ligado à cultura do Vaishnavismo e a vestimenta típica tem como principal característica os ornamentos feitos em prata. Este estilo de dança possui também seu próprio estilo de música que não pertence aos dois principais modos de música clássica (Hindustani e Carnática). Os instrumentos usados além do vocal são a Manjeera e o Odissi Mardal que é uma espécie de "Pakhawaj" (tambor) para marcar o ritmo, o Harmonium ou a Tambura para acompanhar a voz, e os instrumentos melódicos que podem ser o Sitar, a flauta ou o violino.
  • MANIPURI: tem sua origem no estado de Manipur, no nordeste da Índia e literalmente o significado da palavra é "a pedra preciosa (ou jóia) do país". A lenda diz que o Manipuri surgiu de um pedido da Deusa Parvati para que o Deus Shiva descobrisse um lugar no qual poderiam dançar como o Deus Krishna dançava com sua Gopis. A história nos conta que esta forma de dança descende de uma dança circular chamada Jogoi e a partir do século 18 teve seu desenvolvimento baseada no Vaishnavismo. De acordo com a antiga tradição, os bailarinos não podem mostrar os movimentos dos pés, portanto, são usadas saias longas que os cobrem. Na dança Manipuri, a ênfase não é nas expressões faciais e sim nos movimentos de tronco e membros. Há uma divisão dentro do Manipuri entre as danças femininas (lasya) e as masculinas (tandava). Os movimentos masculinos são vigorosos e possuem muitos saltos e piruetas enquanto que os movimentos femininos são graciosos, lentos e delicados. Os instrumentos usados são o Pung ou percussão, a flauta, a tambura e o Kartal, que confere ritmo à dança.

Este conteúdo foi acessado em 06/01/2010 do sítio: natyalaya

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