Disciplina - Educação Física

Bocha Paraolímpica



O bocha adaptado

O bocha adaptado é similar ao bocha convencional, ou seja, o jogador tem como objetivo encostar o maior número de bolas na bola alvo.

O jogo consiste em um conjunto de seis bolas azuis, seis bolas vermelhas e uma bola branca (bola alvo). A quadra deverá ser lisa e plana como o piso de um ginásio em madeira ou sintético. A área é delimitada por linhas que possui uma dimensão de 12,5m x 6m (maiores detalhes em CP-ISRA).

Comenta Campeão (2003) que, o bocha adaptado foi criado inicialmente para atender as pessoas com encefalopatia crônica, conhecido como paralisia cerebral (PC) severas com alto grau de comprometimento motor nos quatro membros e que se utilizava de cadeira de rodas. Atualmente outras pessoas com deficiência também podem competir, desde que inseridas na mesma classe no grau da deficiência, como por exemplo: distrofia muscular progressiva, acidente vascular cerebral, disfunção motora progressiva, entre outras.

O jogador, conforme descreve as regras previstas pela International Boccia Commission - (IBC) - CP-ISRA (2004), é dividido por classes de acordo com o grau de comprometimento motor ou limitação, sendo que em cada divisão jogam praticantes de ambos os sexos. As divisões são:

Individual

BC1
Individual BC3 - Individual BC4

Individual
• Pares - para jogadores classificados como BC3
• Pares - para jogadores classificados como BC4

BC2
Equipe - para jogadores classificados como BC1 e BC2.

A classificação também segue as normas e regras da CP-ISRA, sendo que cada classe é denominada pela funcionalidade de cada jogador. A classe BC1 é composta por pessoas com tetraplegia espástica severa com ou sem atetose, no qual há pouca amplitude de movimentos ou força funcional em todos os movimentos nas extremidades e no tronco. Dependem da cadeira de rodas e precisam de auxilio durante o jogo, assim como de assistência tanto para a remoção da cadeira de rodas, quanto para a aquisição da bola.

A classe BC2 é composta por pessoas com tetraplegia espástica de severa a moderada, os mesmos itens relacionados a classe BC1, a única diferença é que podem impulsionar a cadeira de rodas manualmente. As pessoas da classe BC3 utilizam calha e um calheiro para realizar o jogo. E por fim, na classe BC4 as pessoas possuem diplegia de moderada a severa com controle mínimo nas extremidades das mãos, e ainda, com limitações de tronco e pouca força funcional nos quatros membros.

Este conteúdo foi acessado em 10/02/2011 no artigo "Bocha Adaptado: fatores motivacionais na deficiência física" presente no sítio EFdeportes. Todas as informações nela contida são de responsabilidade do autor.

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Benefícios práticos do jogo de bocha

O jogo de bocha é uma atividade que pode ser praticada por pessoas de todas as idades e de diferentes tipos de deficiência. Pode ser jogado de forma recreativa, como esporte competitivo, ou como atividade de educação física nos programas escolares. O jogo requer planejamento, estratégia na tentativa de colocar o maior número de bolas próximas da bola-alvo, desenvolvendo e aumentando, entre outras funções, a capacidade viso-motora. Finalmente, a bocha é uma atividade na qual indivíduos com grau de deficiência motora grave podem participar e desenvolver um elevado nível de habilidade. O jogo pode ser facilmente adaptado para permitir que jogadores com limitação funcional usem dispositivos auxiliares, tais como rampas ou calhas e capacetes com ponteira.

A habilidade e a inteligência tornam-se fundamentais no desenvolvimento das jogadas, assistindo-se muitas vezes a um verdadeiro espetáculo de alternância da vantagem, pela aplicação de técnicas e táticas adequadas a cada circunstância.

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Divisão de jogo de acordo com o perfil funcional do atleta


Os atletas são classificados em 4 classes distintas, chamadas de BC1, BC2, BC3 e BC4, o termo BC significa, Boccia Classification (Classificação da Bocha) e suas numerações referem-se a um determinado grau de comprometimento motor por parte do aluno. As classes BC1 e BC2 são estritamente designadas para praticantes com paralisia cerebral.

Até 1992, na Paraolimpíada de Barcelona a bocha era disputada em duas classes: C1 e C2; já em 1996, em Atlanta, foi incluída uma nova classe chamada C1wad, uma classe intermediária para pessoas com paralisia cerebral mais severa. Somente em 2000, Sydney, as classes passaram a ter a denominação de BC, sendo que as disputas incluíram atletas até a classe BC3. Finalmente em 2004, Atenas estreou a classe BC4, voltada para os não portadores de paralisia cerebral (OLIVEIRA, 2002).

BC1 – O atleta tem paralisia cerebral com disfunção motora que afeta todo o corpo.

a) não é capaz de impulsionar a cadeira de rodas manual;
b) tem dificuldade de alterar a posição de sentar-se;
c) usa o tronco em movimentos de cabeça e braços;
d) tem dificuldades em movimentos de segurar e largar;
e) não tem uso das funções das pernas.

BC2 – O atleta tem paralisia cerebral com disfunção motora que afeta todo o corpo.
a) tem controle do tronco, mas envolvendo movimento dos membros;
b) tem dificuldades em movimentos isolados e regulares dos ombros;
c) capaz de afastar dedos e polegar, mas não rapidamente;
d) é capaz de deslocar a cadeira de rodas com as mãos ou os pés;
e) ser capaz de ficar de pé / andar de forma muito instável.

BC3 – O atleta tem paralisia cerebral ou não cerebral, ou de origem degenerativa.

a) tem disfunção locomotora grave nos quatro membros;
b) não apresenta força e coordenação suficientes para segurar e largar a bola;
c) não apresenta força e coordenação suficientes para lançar a bola além da “linha V” em
direção à quadra.

BC4 – O atleta tem grave disfunção locomotora nos quatro membros, de origem degenerativa
ou não cerebral.

a) a faixa ativa dos movimentos é pequena;
b) demonstra pouca força ou severa falta de coordenação combinada com o controle dinâmico do tronco deficiente;
c) usa a força de movimento da cabeça ou dos braços para o retorno à posição sentado após
um desequilíbrio (Ex.: após um lançamento);
d) é capaz de demonstrar destreza suficiente para manipular e lançar a bola além da “linha V” em
direção à quadra. Entretanto, fica evidente o precário controle de segurar e largar a bola;
e) apresenta com frequência um balanço tipo pêndulo ao invés de arremesso com a mão por cima;
f) é capaz de movimentar e deslocar a cadeira de rodas;
g) não é capaz de realizar movimentos bruscos.

Atletas com diagnósticos e os perfis abaixo podem ser elegíveis para a Classe BC4

  • Ataxia de Friedrich.
  • Distrofia Muscular (força mais próxima menor que 60%).
  • Esclerose múltipla.
  • AVC.
  • Lesão medular de C5 e acima.
  • Espinha bífida com envolvimento da extremidade superior.
  • Outras condições semelhantes que resultem em problemas de força e coordenação.
A classificação funcional é realizada por um grupo de diferentes profissionais. Normalmente um médico, um fisioterapeuta e um professor de educação física. É realizada antes das competições, em um local reservado e sem plateia, mas pode ser prolongada durante os jogos em caráter de observação e acompanhamento da performance e das condições dos atletas nas partidas. Importante ressaltar que o critério de classificação é rigoroso e deve ser obedecido com uma análise de todos os itens exigidos.

Isto permite que a competição aconteça o mais próximo possível dentro de um nivelamento entre os graus de deficiência de seus participantes de uma mesma classe, o que, aliás, é o objetivo do sistema da classificação funcional.

Para que isso ocorra, é imprescindível o técnico reconhecer a capacidade funcional de seus atletas, para que não se confunda a incapacidade de realizar um movimento com a falta de treinamento para a realização desse mesmo movimento, o que é comum acontecer. Por esse motivo, os exercícios preliminares, de adequação, percepção e a intimidade com o equipamento são de extrema importância e devem ser exaustivamente solicitados, assim como o acompanhamento e o contato direto com o fisioterapeuta e/ou médico responsável pelo atleta.

Apesar de ser evidente que um classificador funcional não tenha de necessariamente ter os recursos de um técnico de bocha, é da mesma forma indispensável que um técnico de bocha tenha de ter conhecimentos básicos sobre classificação para melhor realizar o seu trabalho.

O técnico deve estar atento às possibilidades de conquistas e progressos de cada praticante, com base numa análise das respostas obtidas durante os treinos, para poder tornar cada vez mais útil toda forma de resultado funcional, transformando-o pela aplicação técnica em performance e desenvolvimento.

Este conteúdo foi acessado em 10/02/2011 no Manual de Orientação para Professores de Educação Física presente no sítio Paraolímpicos do Futuro. Todas as informações nela contida são de responsabilidade do autor.

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Recursos complementares

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