Futebol e Ciências Sociais
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O tratamento dos esportes pelas ciências sociais explora dois pontos de vista. De dentro, de quem esta diretamente envolvido emocionalmente com ele, e outro, de fora, ou seja, quem não tem influencia emocional.
Até a década dos anos oitenta, dominava uma perspectiva crítica, influenciada pelo marxismo e também pela Escola de Frankfurt que, considerava o futebol uma variante do ópio dos povos, uma poderosa força de alienação dos dominados, de distanciamento, de seus verdadeiros interesses emancipatórios ( SILVA, 2006).
Hoje temos uma interpretação diferente e uma nova teoria, o esporte tornou-se escola de aprendizado da igualdade e da justiça, de expressão do nacional ou regional e de integração social.
Ao afirmar que o futebol "é o ópio do povo", estamos nos colocando fora e, então, não se pretende manter o futebol nem ajudar a desenvolvê-lo, no campo ético ou estético. Também, se afirmarmos que a religião "é o ópio dos povos" da mesma forma não temos nenhum compromisso com sua sobrevivência. Difícil imaginar uma cultura sem religião, uma economia sem exploração, uma política sem líderes e um esporte sem competição. Por outro lado, quando nos situamos dentro, apenas podemos elogiar ou postular reformas que o melhorem. Os comentaristas esportivos manifestam sua opinião sobre a exploração no futebol e pedem mudanças. Reconhecem a ambiguidade ética, e acreditam que podem fazer algo melhor, fazendo que aumente o respeito voluntário pelas regras e diminua a violência entre jogadores e torcedores.
Uma boa parte dos que falam de dentro do esporte, postulam reformas para o seu aperfeiçoamento. Um exemplo é a crítica à mercantilização do esporte ou perda de uma condição originária, pelo domínio da exploração capitalista.
Segundo Efraim Maciel e Silva "Essa crítica já estava na famosa obra de Huizinga, Homo ludens". Exemplo também são os professores de educação física, amam o esporte e pretendem reformá-lo para que perca seu caráter comercial, competitivo ou degradado. Algumas propostas sobre o esporte modificam os seus aspectos centrais que dificilmente concordaríamos. Por exemplo, quando parecem pretender eliminar a competição do esporte. O esporte socialista durante sua vigência tinha dois traços que o distinguiam do capitalista: era mais utilizado em benefício do Estado do que dos particulares e recompensava muito mais com benefícios não monetários do que monetários, o central, continuou igual.(SILVA, 2006).
No campo da ciências sociais, a relação emotiva com o esporte está levando na direção de interpretações que destacam traços positivos, se superarmos falhas, ou degradações atuais.
A análise atual do esporte baseia-se no estabelecimento de relações emotivas, de pertencimento, de estar dentro, que leva apenas na direção do aperfeiçoamento do que está ai. Como também, se manifesta o espírito reformista e aperfeiçoador da época.
É importante observar o papel das redes de comunicações, principalmente as televisivas, em massificar a pseudo importância do futebol para a vida das pessoas, fazendo com que ultrapasse o limite de simples horas de lazer para se tornar a própria vida das pessoas, pois tudo que envolve o futebol é glorificado e considerado como algo extraordinário e intocável. Claro que os meios de comunicação precisam sobreviver vendendo o futebol, mas a lavagem cerebral do povo atinge níveis absurdos, como exemplo, na época de copa do mundo. Pessoas que detestam futebol acompanham como se fossem torcedores fanáticos, sem ao menos saber o que está acontecendo dentro das quatro linhas, tudo se esquece, até os próprios gostos são esquecidos, tudo para se inserir no mundo de fantasia criado, chamado futebol.
Sabemos que o futebol é uma modalidade de esporte coletivo, e por isso é importante para a sociedade, como integração e saúde. O que chamamos a atenção e a utilização dele pelo mercado, transformando-o num negócio de alta rentabilidade de um grupo a custa de muita manipulação midiática a ponto de o transformar em devoção para um grande número de seguidores. É isso que problematizamos. Futebol é ópio do povo? Como criar consciência nos espectadores desta mídia? É possível reencaminhar a prática esportiva do futebol apenas para lazer e saúde? Com este artigo queremos apenas debater esse assunto. Pense sobre, e tire suas conclusões...
Sugestão de prática em sala de aula
Muito pode ser feito aproveitando da capacidade técnicas das novas gerações com as novas tecnologias midiáticas, aqui uma sugestão de trabalho. Desta maneira o que propomos é trabalhar com as mídias, principalmente a TV para tratar de um tema específico em que ela é a principal protagonista.
Título – Futebol, e o mercado de consumo
Objetivos
Levar o aluno a analisar criticamente a postura das mídias, dentro do contexto social com relevância constituição de seu modo de vida.
Estimular nos alunos uma visão crítica em relação à mídia corrente, no sentido do desenvolvimento de uma educação para a mídia.
Metodologia da aula
Ler o artigo acima sobre "Futebol e Ciências Sociais"
Assistir a copa do mundo pela televisão e confrontar com as notícias dos jornais sobre a cobertura da seleção brasileira e sobre a economia e política no mesmo período para que os alunos percebam com que entusiasmo e importância é tratado o futebol, não só nas reportagens de campo quanto nas narrações em dia de jogo.
Para discussão:
Como participar do esporte sem ser manipulado pelos meios do comunicação de massa?
Como criar consciência nos espectadores que não tem acesso a estes materiais que aqui indicamos?
Como reencaminhar a prática esportiva para que não aliene o sujeito de realidade?
Avaliação
Contínua com ênfase nos resultados das discussões dos participantes no debate, "mídia e futebol, com enfase na televisão", inclusive a participação em sua organização e divulgação.
Conclusão
Se falarmos de futebol como esporte e lazer, estamos falando das pessoas que jogam futebol, e não das que passam grande parte do tempo pensando e discutindo futebol. O futebol passou a ser uma devoção para um grande número de pessoas.
O esporte é uma produção da humanidade, faz parte da cultura dos povos. E é a sociedade capitalista quem transforma tudo em produto e os usa como forma de alienação. Mas, por que não se fala que a música ou o teatro é o ópio do povo? Por que o futebol?
Ao afirmarmos que o futebol é o “ópio do povo”. Estamos dizendo que é um "vício" e que passaríamos melhor sem ele(o vício). Estaríamos afirmando que uma cultura nova deve ser uma cultura sem futebol. Mas não sem esporte.
O capitalismo transformou o futebol em espetáculo, uma forma de gerar passividade na população. Não há nada mais alienante do que trabalhar de segunda a sábado e, no domingo, gastar o salário em um ingresso para passar duas horas vendo um monte de milionários correndo atrás de uma bola! As torcidas são a tentativa inconsciente da população de serem mais que meros espectadores de futebol. Elas são, com suas bandeiras, faixas, hinos de guerra, coreografias, baterias, entre outros. um "espetáculo" à parte.
Está claro que não podemos acabar com o futebol. O quê fazer então? Assim como lutamos pela democratização da mídia, devemos lutar também, pela democratização do futebol! Mas se quisermos mesmo democratizar o futebol, precisamos acabar com a ditadura do mercado capitalista para que todos possam desenvolver suas próprias potencialidades, inclusive o futebol esportivo.
Referências
BONFIM, José Rodrigues Alves, Futebol - o Ópio do Povo. Disponível em: http://www.paralerepensar.com.br/joserodrigues_futebol.htm acessado em 09/05/2010
LEITE,Robsom Campos, Será que só temos pátria de chuteiras. Jornal Missão Jovem pag. n.º 10 - n.º 215 - mês de Setembro - Ano 2006
MALHEIRO, Luiz Felipe, O “ópio do povo”?. Disponível em: http://www.jornaldamadeira.pt/not2008_12.php?Seccao=12&id=97670&sup=0&sdata= Acessado em 10/05/2010
SABONGI, Jorge, O poder do mídia em nosso país. Disponível em: http://www.khanelkhalili.com.br/midia.htm acessado em 09/03/2010
SILVA, Efrain Maciel e, Ciências sociais do esporte: além da crítica. Disponível em: http://boletimef.org/forum/viewtopic.php?f=7&t=283 acessado em: 09/05/2010