Fisioterapia aplicada ao futebol
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O futebol é a modalidade esportiva mais praticada no mundo, com participantes em todas as faixas etárias e diferentes níveis, e aproximadamente 400 milhões de adeptos no mundo. De acordo com a Federação Internacional de Futebol (FIFA) existem aproximadamente mais de 200 milhões de atletas licenciados pela federação em todo o mundo.
Esse esporte caracteriza-se por apresentar grande contato físico, movimentos curtos, rápidos e não contínuos, tais como aceleração, desaceleração, mudanças de direção, saltos e pivoteamento. Por esses motivos, apresenta um alto número de lesões.
Atualmente, a maior parte das lesões não está relacionada a pancadas, mas sim a movimentos de rotação e explosão muscular. Conforme Moisés Cohen, ortopedista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), “ a cada seis segundos o jogador de futebol faz um movimento inesperado. Articulações e músculos foram feitos para mexer, mas o ser humano ultrapassa os limites de movimentação do seu corpo e aí ocorrem as lesões”.
Estudos mostram que a maioria das lesões ocorridas em copas do mundo acontecem em lances não assinalados como faltas, o que indica que o maior inimigo do atleta é a competitividade do futebol moderno.
É importante ressaltar a influência do ponto de vista socioeconômico, uma vez que muitas dessas lesões necessitam de cuidados médicos intensos, algumas vezes com períodos variáveis de internação. Isso pode resultar na falta desses pacientes às suas atividades e ter como consequências altos custos para esses, assim como para seus clubes ou empresas.
A fisioterapia aplicada ao futebol dedica-se não somente ao tratamento do atleta lesado, mas, também, a adoção de medidas preventivas, a fim de reduzir a ocorrência de lesões. O trabalho preventivo é delineado e realizado de maneira eficaz, com base no levantamento dos fatores de risco das lesões referentes à modalidade da área esportiva específica.
Saiba mais...
- Lesões nas Copas do Mundo de Futebol
- Principais Lesões no Futebol
- Tratamento de lesões esportivas
- Entorse
- Contratura
- Doping Sanguíneo
Lesões ocorridas nas Copas do Mundo de Futebol
Alguns exemplos de jogadores que sofreram lesões durante Copas do Mundo de Futebol:
O italiano Alessandro Nesta sofreu ruptura do ligamento no quarto minuto do jogo da primeira fase, em que a Itália derrotou por 2-1 a Áustria, no Stade de France durante a Copa do Mundo de 1998. Essa lesão obrigou Nesta a abandonar a Copa e ser operado.
Em 10 de abril de 2002 o então capitão da seleção inglesa de futebol, David Beckham, sofreu uma fratura do metatarso no pé esquerdo enquanto jogava pelo Manchester United contra o time espanhol Desportivo de La Corunã, nas quartas-de-final da Liga do Campeões. Esta lesão ocorreu faltando sete semanas para a copa do Mundo na Coréia-Japão e impediu Beckham de jogar plenamente no campeonato.
Durante a Copa do Mundo da Itália em 1990, Diego Armando Maradona foi prejudicado por uma lesão séria no calcanhar. Apesar da má estreia, a Argentina chegou à final, mas perdeu para a Alemanha por 1-0, seguindo um pênalti marcado por Andreas Brehme, nos minutos finais da partida.
Na Copa do Mundo do Chile em 1962, o jogador brasileiro Edson Arantes do Nascimento - "Pelé", sofreu um rompimento muscular durante a segunda partida e não pode participar do segundo campeonato mundial conquistado por seu país. Em 1966, na Copa do Mundo da Inglaterra, foi novamente prejudicado por lesões adquiridas em suas partidas contra a Bulgária e Hungria. O Brasil perdeu na primeira fase.
Franco Baresi foi um dos jogadores de defesa mais importantes no time do Milan por muitos anos. Jogando na seleção italiana na época da Copa de 1994, recuperou-se com surpreendente rapidez de uma lesão no calcanhar e pode jogar na final contra o Brasil com destreza.
O italiano Giancarlo Antognoni jogou em 15 temporadas e 341 jogos pelo La Florentina e participou de 73 jogos na seleção italiana. O público italiano lastimou muito a impossibilidade dele jogar na partida final da Copa do Mundo de 1982, na Espanha. Antognoni, jogador fundamental para levar a seleção italiana à final, não pode jogar por causa de uma antiga lesão na perna.
O argentino Jose Luis Brown participou da Copa do Mundo no México em 1986 como reserva de Daniel Passarela. Mas Passarela ficou doente, e “Tata Brown” ocupou seu lugar. Na final contra a Alemanha, jogou a partida inteira com uma luxação no ombro direito. Mesmo assim, aos 22 minutos do primeiro tempo, fez um gol de cabeça ao receber um escanteio de Burruchaga.
O jogador principal da seleção argentina, Nery Pumpido, sofreu uma lesão séria (fratura dupla na tíbia) na partida da primeira fase contra a Rússia durante a Copa do Mundo da Itália em 1990. A lesão foi causada pela colisão contra outro membro do mesmo time. Pumpido não pode jogar novamente durante aquele torneio e foi substituído por Sergio Goycochea, que se tornou um jogador decisivo para o time.
O meio-campo internacional alemão Sebastian Deisler, membro da seleção da Alemanha, sofreu uma lesão séria do ligamento cruzado no joelho direito que o afastou da Copa do Mundo da Alemanha em 2006. Deisler, 26 anos de idade e jogador do Bayern de Munich, já havia sido afastado da Copa do Mundo de 2002, na Coréia do Sul e Japão, por causa de uma lesão no mesmo joelho – um problema que em 2003 lhe causou uma crise depressiva que exigiu tratamento no Instituto Max Planck de Munich.
Principais lesões no Futebol
As lesões pode ser de causas intrínsecas – ligado ao esporte em si, como corridas, mudanças rápidas de direção, saltos, cabeceios e outros, ou de causas extrínsecas – onde são avaliadas as condições do campo, quantidades de jogos, treinos, condições físicas, tipo de chuteiras, motivação. Segundo Moisés Cohen, ortopedista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), as principais lesões que ocorrem no futebol, são:
Púbis: o local onde o músculo adutor da coxa se encontra com púbis é um dos mais sobrecarregados no futebol. O movimento repetitivo nessa região provoca uma inflamação no tendão que junta o músculo e o osso. É um tipo de tendinite – o tendão não se rompe – sentida como a famosa “puxada na virilha”
Tíbia: tipo de fratura mais comum no futebol. Antigamente, quando o uso de caneleira não era obrigatório, elas eram ainda mais típicas. Em casos de fraturas da tíbia, é comum que a fíbula também seja afetada, afinal é um osso muito mais fino e que nem sempre é protegido pelas caneleiras.
Tornozelo: além de sofrer com a rápida movimentação do futebol moderno, os tornozelos estão mais vulneráveis a pancadas e aos buracos do campo. As lesões mais comuns são entorses (ou torções) nos ligamentos que conectam os pés aos ossos da perna.
Fratura por estresse: lesão causada por movimentos repetitivos, que apesar de gerar muita dor, não é detectado no raio X. Os ossos que mais sofrem por estresse são os dos pés, que são finos e não param de se movimentar.
Joelho: os movimentos de rotação são os culpados pelas lesões no joelho. As mais comuns são rompimentos (total ou parcial) do ligamento cruzado anterior, do ligamento colateral-tibial e do menisco. Eles funcionam como elásticos que se esticam com a rotação da perna. Quando são sobrecarregados, eles se rompem e é preciso reconstituí-los usando outros tendões, como o de trás da coxa.
Como prevenção para algumas dessas lesões, os jogadores costumam utilizar alguns equipamentos de proteção. Os mais usados são caneleira, tornozeleira e bermuda térmica (ou “coxeira”). Muitas caneleiras já têm uma tornozeleira acoplada, mas, para dar mais firmeza, os jogadores geralmente fazem uma “botinha” no tornozelo com uma faixa. A coxeira ajuda a deixar a musculatura da coxa aquecida e produz pressão sobre as fibras para evitar que elas escorreguem de mais ou de menos.
Tratamento de lesões esportivas - Copa do Mundo
O tratamento imediato para quase todas as lesões esportivas consiste no repouso, na aplicação de gelo, na compressão e na elevação. A parte lesada é imediatamente colocada em repouso, para que sejam minimizados o sangramento interno e o edema e também para se evitar o agravamento da lesão. O gelo produz constrição dos vasos sanguíneos, ajudando a limitar a inflamação e a reduzir a dor. O enfaixamento da parte lesada com esparadrapo ou com uma faixa elástica (compressão) e a elevação da parte lesada em um nível acima do coração (elevação) ajudam a limitar o edema.
As injeções de corticosteróides em uma região lesada ou no tecido circunjacente aliviam a dor, reduzem o edema e, em alguns casos, podem ser um adjuvante útil ao repouso. No entanto, essas injeções podem retardar a cura, aumentam o risco de lesões tendinosas e cartilaginosas e permitem que o indivíduo use uma articulação lesada antes que ela esteja totalmente curada e pode agravar a lesão. Além de que, os corticosteróides não podem ser ministrados antes de competições – obtenção de efeito eufórico – caracterizando o doping sanguíneo.
Além dos exercícios propriamente ditos, os fisioterapeutas podem adicionar o calor, o frio, a eletricidade, ondas sonoras, a tração ou os exercícios na água ao plano terapêutico.
A duração da fisioterapia dependerá da gravidade e da complexidade da lesão. O futebol deve ser evitado durante o tratamento. A prática de atividades substitutas que não sobrecarreguem a parte lesada é preferível à abstenção de todas as atividades físicas, pois a inatividade completa faz com que os músculos percam massa, força e resistência. Por exemplo, uma semana de repouso exige pelo menos duas semanas de exercício para que o jogador retorne ao nível de condicionamento que ele apresentava antes da lesão.
Entorse
A entorse corresponde a uma lesão de tendão, músculo ou ligamento próximo a uma articulação. São provocadas por uma excessiva distensão dos ligamentos e das restantes estruturas que garantem a estabilidade da articulação, originada por movimentos bruscos, traumatismos, uma má colocação do pé ou um simples tropeçar que force a articulação a um movimento para o qual não está habilitada.
Embora o forçar de uma articulação apenas possa provocar a distensão dos ligamentos, sem o seu rompimento, a entorse costuma provocar, na maioria dos casos, o seu rompimento parcial ou ruptura completa, por vezes associado a lesões na cápsula fibrosa que reveste a articulação. Pode igualmente acontecer que a intensa tração a que o ligamento é submetido, provoque a sua desunião, sem se romper, do osso ao qual está unido, arrancando até um pequeno fragmento ósseo.
Apesar das entorses afetarem qualquer articulação, a sua localização mais frequente corresponde ao tornozelo, na medida em que este é bastante instável e suporta a maioria do peso do corpo. Neste caso, a lesão costuma ser provocada por uma torção ou rotação brusca do pé para o seu interior, em que todo o peso do pé incide sobre os ligamentos laterais, provocando a sua distensão.
Os principais sintomas são dor articular ou muscular logo após o acontecimento da lesão, inchaço na área afetada, inflamação da articulação, hematomas locais e mau funcionamento da articulação.
O tratamento consiste em manter a articulação afetada em repouso, de preferência absoluto, de modo a favorecer rápida cicatrização e a recuperação dos tecidos lesionados. A redução da dor e da inflamação passa pela administração de medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos comuns.
Durante o período de recuperação também é extremamente útil recorrer a técnicas de fisioterapia, tais como as massagens e a aplicação de ultra-sons, raios infravermelhos, correntes elétricas e outros procedimentos que favoreçam a reabsorção dos hematomas e a cicatrização dos ligamentos lesionados. É igualmente aconselhável a realização de exercícios específicos de reabilitação, efetuados de forma gradual e progressiva, segundo as indicações do fisioterapeuta, com o intuito de fortalecer a musculatura da zona afetada, para recuperar a total funcionalidade da articulação e, sobretudo, para prevenir recaídas.
Contratura
Consiste na rigidez permanente de músculo, tendões, ligamentos ou pele que impede o movimento normal da parte do corpo afetada, podendo causar deformidade da mesma.
As contraturas ocorrem basicamente na pele, nos tecidos subjacentes, nos músculos, nos tendões e nas articulações.
Segundo o neurologista Marco Antônio Troccoli Chilia, responsável pelo Ambulatório de Doenças Neuromotoras da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a contratura acontece devido à ausência de relaxamento dos músculos durante uma prática esportiva exagerada e quando não se está acostumado ao esforço físico exigido no momento. A dificuldade de relaxamento causa enrijecimento das fibras musculares e, consequentemente, a dor.
O ideal para prevenir as contraturas é fazer um treino adequado ao seu condicionamento físico atual, associando exercícios aeróbicos e anaeróbicos, alimentar-se de forma equilibrada e variada e, se necessário, fazer suplementação vitamínica. Também é fundamental manter-se hidratado durante a atividade física, bebendo água e bebidas isotônicas, e nunca esquecer de fazer alongamento, pois sem ele corre-se o risco de um estiramento das fibras musculares.
Doping Sanguíneo
De acordo com o United States Plympic Committee (USOC) , o doping sanguíneo é a injeção intravenosa de sangue (sangue total, papa de hemácias ou derivados de sangue) no organismo de um atleta independentemente do fato desse sangue ser do próprio atleta ou de outra pessoa, com a finalidade de aprimorar o desempenho.
Admite-se teoricamente, que o volume sanguíneo acrescentado contribui para um maior débito cardíaco máximo e que a papa de hemácias aumenta a capacidade sanguínea de transportar gás oxigênio e, desta forma, eleva-se a quantidade desse gás (O2) disponível para os músculos ativos.
O doping sanguíneo pode ser realizado utilizando-se o sangue do próprio atleta (chamada de reinfusão-autóloga) ou de outra pessoa (dita reinfusão-heteróloga), ou ainda, através da injeção de eritropoietina recombinante humana (rhEPO). Este hormônio age sobre as colônias formadoras de unidades de eritróides desencadeando a formação de novos eritrócitos. Espera-se que indivíduos tratados com rhEPO melhorem sua capacidade de realizar exercícios físicos prolongados.
Fontes de Pesquisa:
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Efedeportes.com - acesso em 03/05/2010
Informe Doping - acesso em 10/05/2010
Manual Merck - acesso em 04/05/2010
Tua Saúde - acesso em 06/05/2010