Disciplina - Educação Física

Educação Física

22/03/2010

Prevalência dos Transtornos Alimentares no Esporte

Daniela Arroyo Esquivel / Taktos - Medicina Esportiva
Muitas investigações não determinam especificamente a prevalência de transtornos alimentares clínicos pois no ambiente esportivo um atleta está arriscado a ser retirado de uma competição, ou de sua equipe se seu problema alimentar for descoberto.
O que se sabe é que atletas parecem ter uma maior ocorrência de problemas relacionados à alimentação do que a população geral. Uma grande parte dos atletas adquirem comportamentos alimentares de perda de peso patogênicos (dietas rigorosas, vômitos, jejum, uso de diuréticos e laxantes).
Embora a anorexia e bulimia seja mais prevalente em esportes que privilegiem a boa forma ou o peso há atletas que apresentam tais transtornos em grande parte dos esportes.
Fatores Predisponentes
A genética, a personalidade e os antecedentes familiares, bem como fatores relacionados ao ambiente esportivo e socioculturais, podem ser fatores mais ou menos instáveis, mas que estão intimamente relacionados a esses tipos de transtornos. É importante conhecer alguns desses fatores para ajudar o atleta a tentar prevenir ou reduzir a probabilidade de ocorrência de um transtorno alimentar.
Restrições e padrões de peso exigido por alguns tipos de esportes
Em geral as lutas – como o boxe, e o halterofilismo utilizam-se de classificações de peso para dividir suas categorias. E em geral atletas buscam perder peso a fim de conseguirem competir em uma categoria mais baixa, o que poderia lhes fornecer uma vantagem sobre seu adversário mais leve. Tal fato, em geral, faz com que o atleta perca de 4 a 6 quilos rapidamente antes da pesagem oficial, causando rápida desidratação. As técnicas utilizadas como jejum, diuréticos e laxantes são comuns e causam a desidratação que pode trazer consequências graves a longo prazo para o organismo. Tais técnicas deveriam ser desencorajada por técnicos e preparadores, fato este que não ocorre, pois tanto treinadores como atletas se apegam ao imediatismo da competição e não calculam as consequências futuras de seus atos.
Pressão do técnico e do grupo
Os treinadores e companheiros de equipe podem moldar facilmente a atitude e os comportamentos dos atletas. Os técnicos de forma bem intencionada podem exercer pressão para que o atleta perca peso. Contudo não se sabe se um comentário não cauteloso, ou não pensado pode ser interpretado de forma errada pelo atleta e contribuir para o desenvolvimento do transtorno alimentar. Bem como o convívio com os companheiros de equipe, que podem frequentemente influenciar o início de comportamentos alimentares patológicos. Em geral ocorrem devido a comentários e brincadeiras que podem parecer ingênuas mas que podem ter repercussões desastrosas para o atleta que está mais vulnerável.
Exigência de Desempenho
Nos últimos 20 anos, ocorreu um aumento no interesse da relação entre peso corporal ou gordura corporal e desempenho. Pesquisas apontaram que existe uma correlação entre o baixo percentual de gordura corporal e altos níveis de desempenho no esporte. Isso fez com que fez muitos técnicos e atletas focalizassem exageradamente no controle do peso e na tentativa de alcançar um peso ideal. Contudo em muitos casos esse tipo de informação é utilizado de forma inadequada, o que acaba levando os atletas para um peso bem abaixo de seu ideal. As diferenças individuais precisam ser levadas em conta e nesse sentido os padrões de peso rígidos são totalmente inadequados. Existe normalmente uma grande variação para gordura corporal relacionada com um excelente nível de desempenho, e além disso esses níveis ideais também variam entre homens e mulheres.
Critérios de Julgamento
Técnicos e atletas percebem que os juízes costumam ser tendenciosos em relação a certos tipos de corpos em esportes onde a atratividade física é considerada importante para o sucesso. O atleta esguio é considerado o mais desejado, e isso é normalmente comunicado ao atleta de forma informal. Relatos empíricos revelam que muitas vezes os próprios juízes fazem comentários aos atletas sobre a necessidade de perder alguns quilos, o que leva naturalmente o atleta mais vulnerável a desenvolver um transtorno alimentar em busca do corpo ideal que será considerado desejável pela arbitragem.
Reconhecendo e encaminhando uma situação de problema alimentar
Educadores físicos, treinadores, preparadores, fisioterapeutas, encontram-se em excelente posição para detectar indivíduos com transtornos alimentares. Portanto devem ser capazes de reconhecer os sinais (comportamentos mais evidentes) e os sintomas (comportamentos mais subjetivos) sejam físicos ou psicológicos dessas condições. Os padrões alimentares em geral são os melhores indicadores dos problemas. Os anórexicos em geral apenas beliscam a comida, ou a empurram ou espalham pelo prato, ou comem apenas alimentos de baixíssima caloria. Costumam também mentir sobre sua alimentação. Os bulímicos frequentemente escondem comida e desaparecem imediatamente após a refeição para poder eliminar o alimento ingerido.
Sempre que for possível os profissionais que trabalham na área do esporte devem observar os padrões alimentares dos atletas e analisarem se existem anormalidades.
Casio seja identificado um atleta com problemas alimentares é importante encaminhá-lo a um especialista em transtornos alimentares em geral um médico psiquiatra e um psicólogo especializado. Mas é fundamental ao conversar com o atleta enfatizar os sentimentos e perdas envolvidas e não focalizar diretamente no comportamento inadequado com a alimentação. É necessário apoiar e manter sigilo sobre as informações que só deverá ser repassadas com o consentimento do atleta para o profissional especializado que irá tratá-lo.
Quais são os sinais e sintomas físicos e comportamentais-psicológicos dos Transtornos Alimentares
Sinais e Sintomas Físicos
- Peso muito baixo;
- Considerável perda de peso;
- Inchaço;
- Glândulas salivares intumecidas (boca seca);
- Amenorréia (falta de menstruação);
- Carotinemia – palmas das mãos e solas dos pés amareladas;
- Machucados ou calosidades nos dedos ou costas da palma da mão por induzir o vômito;
- Hipoglicemia (baixa taxa de açúcar no sangue);
- Cãibras musculares;
- Queixas estomacais, de dores de cabeça, tontura fraqueza;
- Adormecimento ou formigamento dos membros;
- Fadiga.
Sinais e sintomas comportamentais-psicológicos
- Dietas excessivas;
- Comer excessivamente sem ter ganho de peso;
- Prática excessiva de exercícios que estão fora do programa de treinamento estipulado;
- Queixar-se de culpa em relação a comer;
- Queixas de sentir-se gordo estando com peso normal e ignorando comentários de que está em seu peso normal;
- Preocupação excessiva com a comida;
- Desaparecer depois das refeições;
- Pesar-se frequentemente;
- Evidências de auto-indução de vômito;
- Uso de drogas como pílulas para emagrecer, laxantes e diuréticos para controlar o peso.

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Este conteúdo foi acessado em 22/03/2010 do sítio: Taktos - Medicinina Esportiva
Notícia na íntegra: web.taktos.com.br
Daniela Arroyo Esquivel é psicóloga especialista em saúde mental/Membro da equipe Taktos
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